Mais
uma.
Mais?
Uma?
Quantas são necessárias mortas, para
arrombarem essas portas?
Quantas
crianças mutiladas até tomarem essa espada?
Quantas
criaturas sem sorte para esse banquete da morte?
No dia 24 de outubro de 2023, a jovem
Tereza Bianca deu entrada naquela unidade hospitalar em trabalho de parto do
seu filho, Abraão. Todavia, em consequência do que parece configurar como
imperícia médica seguida de negligência hospitalar, Tereza perdeu a sua vida
após mais de três meses de sofrimento. A jovem teria tido o intestino perfurado
durante o parto, o que ocasionou numa infecção e inchaço de seu abdomem,
levando a sua morte após uma verdadeira via-crucis, dela e de seus
familiares tentando entender o que havia acontecido.
Enquanto mulheres, sentimo-nos
revoltadas e violadas com tamanho absurdo. Este não é apenas um caso no qual se
configura negligência médica, mas sim, o que se evidencia, uma brutal
manifestação de violência obstétrica, expondo as fragilidades de um sistema de
saúde municipal em colapso.
A jovem, que deveria ter experimentado
um momento de alegria ao trazer uma nova vida ao mundo, enfrentou um calvário
que resultou em sua morte prematura.
Exigimos, de forma contundente, que os responsáveis por essa tragédia não fiquem impunes. É inadmissível que, em pleno século XXI, mulheres ainda enfrentem situações tão desumanas durante o processo de gestação e parto.
Dessa forma, instamos as autoridades
competentes para conduzirem uma investigação profunda e transparente,
garantindo que cada detalhe seja minuciosamente investigado e elucidado.
A divulgação tardia do caso apenas
destaca a urgência de medidas efetivas para evitar que tragédias como essa se
repitam. As 11 cirurgias pelas quais Tereza passou em sua luta pela vida não só
evidenciam a gravidade da negligência, mas também a necessidade de uma reforma
estrutural no sistema de saúde.
Ademais, é importante ainda dizer que não
podemos normalizar os casos que vêm acontecendo com as mulheres nesse hospital
Materno Infantil. Urge que as autoridades realizem uma intervenção nessa
instituição. Está insustentável o descaso com nossas futuras mães, com seus
sonhos interrompidos. Está virando uma rotina sem que o poder público resolva
essa situação. Isso é um desrespeito à mulher, à sua autonomia, ao seu corpo e
aos seus processos reprodutivos. Assim, solidarizamo-nos com a família de
Tereza, que agora enfrenta a insuportável dor de perder um ente querido de
maneira tão brutal.
Por fim, é indubitável que a situação
exige mais do que sindicâncias internas. O caso de Tereza Bianca e outros
tantos já noticiados requerem responsabilização, não só da Prefeitura Municipal
de Marabá, como também da Secretaria Municipal de Saúde e dos envolvidos nesse
caso. Além disso, mudanças significativas precisam ser adotadas para evitar que
as mulheres se tornem vítimas de um sistema que deveria protegê-las.
#Naoàviolênciaobstétrica!!