*Elho Araújo
Costa
O PSOL, PSTU e os
reflexos da crise da esquerda em Marabá
É
evidente que a esquerda brasileira encontra-se em crise, fato este o qual possui
um agravamento maior desde a explosão do CONCLAT (Congresso Nacional da Classe
Trabalhadora) da CONLUTAS em junho de 2010.
Muitos atribuem problemas no CONCLAT,
pelo desrespeito por parte de militantes do PSTU às forças presentes no evento.
O PSTU teria levado uma quantidade enorme de estudantes para votar num Congresso
de Trabalhadores, algo que foi encarado como uma maneira de burlar o
congresso.
No
final, o balanço do evento foi o rompimento de grupos inteiros da entidade e a
simples mudança de nome de CONLUTAS para CSP-CONLUTAS, um resultado muito
tímido, diante do potencial que o evento possuía.Assim, vários fatores ocorreram
ainda para que esses fatos agravassem, como por exemplo, acusações trocadas
entre militantes do PSTU e PSOL em eleições sindicais e estudantis no Brasil
inteiro, inclusive em Marabá.
O último fato ocorreu na greve da
UFPA em que militantes do PSTU foram a favor de uma pausa na greve da UFPA para
aulas no Programa de Formação de professores (PARFOR). Dessa forma, tratando os
estudantes dessa modalidade de ensino como de qualidade inferior, já que usaram
o discurso de que o PARFOR seria uma espécie de “bico” dos professores, algo
repudiado por muitos professores e estudantes da UFPA.
O
fato agravou no último dia 29 de junho, quando houve assembléia estudantil na
UFPA Marabá e os militantes da juventude do PSTU na UFPA sustentaram a pausa na
greve da UFPA, mas perdendo na votação, com a maioria votando pela continuidade
da greve no PARFOR e o não tratamento diferenciado de parte dos estudantes da
UFPA e os interesses oportunistas do PSTU.
No
PSOL, os presentes na convenção municipal delegaram poderes ao Diretório
Municipal (DM) do PSOL sobre a coligação com o PSTU. Depois de intensa
discussão, com sete dos nove membros do DM presentes, foi aprovada por quatro a
três a coligação com o PSTU, sendo que figuras importantes dirigentes do PSOL,
como o Coordenador Geral do SINTEPP, Wendel Bezerra votaram pela não
coligação.
Muitos militantes do PSOL apostam que
Wendel Bezerra seria de longe o melhor nome para representar o partido na
eleição para o cargo majoritário, mas interesses da Corrente Movimento da
Esquerda Socialista (MÊS) do referido partido foi superior à saúde do próprio
partido. Dessa forma, ao invés do PSOL lançar o militante que é, provavelmente,
o maior e mais conhecido dirigente sindical do município para lançar outro
sindicalista com uma plataforma muito menor. Equívocos como esse não devem ser
repetidos ou nós seremos transformados na desgraça que é o
PT.
O
resultado de tudo isso deve-se ao fato da tendência MES ser o setor mais a
direita do PSOL, sendo o único setor a aceitar doação de entes privados em
campanha eleitoral no PSOL, fato ocorrido no Rio Grande do Sul com Luciana
Genro. Esse setor é a maior corrente do partido no cenário nacional,
representando quarenta por cento do mesmo. O MES passou a existir somente há
seis meses em Marabá, com o rompimento de noventa por cento da Ação Popular
Socialista (APS).
O
Movimento da Esquerda Socialista representa o que há de pior no PSOL e a
construção deste partido ainda possui sentido, porque os outros sessenta por
cento do partido possuem certa coerência no sentido de manter o PSOL na
trajetória da luta popular e revolucionária.
Soma-se a isso o fato de que muitos
do que poderiam elevar o coeficiente eleitoral do partido no sentido de eleger
um parlamentar em Marabá, não sairão candidatos. O motivo é ressentimento, como
Wendel Bezerra e outros por motivos pessoais e financeiros (perda de
gratificações pela liberação). O fato mais agravante é que o PSTU não está
totalmente legalizado em Marabá, o que pode gerar problemas ao próprio PSOL
nessas eleições.
*Elho Araújo Costa é estudante de
Direito, agente de comunicação da prefeitura de Marabá, militante do movimento
estudantil da UFPA desde 2007 e Secretário Geral do PSOL Marabá, atua na
Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST).